quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Ônibus



Obs. Esta é um conto de ficção, qualquer fato em comum com a realidade é mera coincidência.
           
           Em um país, em certo estado. Tinha um trecho entre duas cidades que não eram coberta por nenhuma linha de ônibus. Entre estas duas localidades havia muitas pessoas que precisavam de condução. Alguns que tinham o conhecimento que o administrador daquele estado, estava querendo melhorar o deslocamento das pessoas entre as cidades. Foram até ele e pediram a concessão de uma linha entre as cidades de Alta e Souza. O administrador na carência de pessoas que tivessem a boa vontade de querer melhorar a vida do povo daquela região; aceitou de bom grado. Os planos para o futuro da linha eram os melhores possíveis, contaram com entusiasmo para o administrador, tudo que pretendiam fazer para melhorar a vida das pessoas que precisariam daquele serviço. Tinham a vontade de implantar uma linha com muitos recursos para atender a população, e como a administração estava oferecendo recursos para este fim pediram de antemão um ônibus dos mais modernos, tendo como argumento que aquela região era muito carente e por isso eles mereciam um ônibus novo. Só que, para se obter estes recursos, não era tão simples como pensavam. Tinham que ter umas garantias, as quais não tinham. Mas, naquele momento era muito importante para o administrador que o transporte das pessoas fosse feito, disto dependia o progresso de toda uma região. Assim, diante dos poucos recursos que o administrador tinha disponível para pedidos especiais, resolveu atende-los. Com o pouco dinheiro que adveio do pedido feito, tudo que deu para ser comprado fui uma Jardineira. (um carro de transporte de pessoas antigo e em péssimo estado). Não era bem o que pretendiam, mas estavam satisfeito com o que tinham conseguido. E foram para sua primeira viagem. Na qual descobriram que não ia ser fácil como pensavam, a estrada era muito ruim, ou melhor, não era bem uma estrada, mas sim, uma picada para a passagem de carroças. O carro muito velho quebrava com muita freqüência, pneus que furavam muito por causa da estrada ruim. Os problemas eram muitos e a boa vontade de uns esfriou, o cansaço de outros, outros continuavam, não mais com o mesmo empenho e sim pela necessidade de se deslocar entre uma cidade e outra. De todos os que foram pedir a concessão da linha, o que tinha como dever dirigir a jardineira continuo por entender que dele dependiam muitas outras pessoas que só tinham este meio de transporte, como ele mesmo; a ele se juntaram outros com a mesma opinião. Quando a jardineira quebrava, um descia e mesmo sem entender direito de mecânica ajudava a consertar o motor, quando o pneu furava, outro descia e o trocava. A cada dia que passava a jardineira parecia que se acostumava com as condições da estrada. Ela já tinha hora certa de passar. As pessoas que com freqüência faziam aquele trajeto se revezavam para cobrar a passagem, que não era muito bem uma passagem e sim uma ajuda para comprar combustível e peças de reposição. Outros também se revezavam na troca de pneu, no conserto do motor, até na direção da jardineira quando o motorista por motivo particular não podia fazer a viagem.
O tempo passou, a estrada foi melhorada, cada pessoa que se dispunha a ajudar sabia o que fazia. A jardineira rodava tranqüila pelas estradas. Um dia, um viajante que passava pela região, usando do serviço da jardineira, achando muito desconfortável aquele tipo de condução indagou por que não se melhorava aquela linha entre as ditas cidades. O motorista falou das condições que vivia o povo daquela região, e ele mesmo não disponha de recursos para tal melhoria. O homem por sua vez esclareceu que estava sabendo que o administrador tinha novos recursos para a melhoria dos transportes, poderiam fundar uma associação e com um carro em melhores condições poder cobrar uma passagem mais cara que daria para em pouco tempo pagar o novo carro. Além do mais, ele mesmo ajudaria na papelada para viabilizar o projeto, já que ele usaria aquele meio de transporte por muitas vezes, trabalhava na área de vendas e foi transferido para cobrir aquela região. Todos que ajudavam na manutenção da jardineira ficaram felizes com esta notícia. Vira a possibilidade de finalmente o progresso chegar e melhorar a vida de todos. Assim foi feito, argumentos e papéis na mão obtiveram o crédito. Não tanto quanto esperavam, mais o suficiente para um migro-ônibus semi-novo. O tempo passou; a estrada ainda de terra, agora em melhores condições do que era. O carro rodava tranqüilo trazendo o progresso. Muitas pessoas se instalaram entre as duas cidades o número de passageiros diariamente aumentou, o número das viagens aumentou, mais pessoas se associaram na condução e manutenção do carro. Logo os problemas começaram a aparecer, uns queriam mudar as horas das viagens, outros queria ajudar a dirigir o carro sem estar habilitado para tal. Outros indagavam por um carro maior, outros queriam uma cadeira cativa por está desde as primeiras viagens como passageiro, e outras questões a mais, tipo, qualidade da gasolina do óleo, do pneu! Cada qual querendo uma coisa e ninguém procurando se entender. O motorista mais antigo e presidente da associação, logo que chegaram os primeiros pedidos, sempre que podia, atendia a um ia outro. Logo o caos estava instalado. Todos contra o presidente da associação e ele sem saber o que fazer, pois achava estava fazendo o certo quando cedeu aos pedidos dos que estavam chagando sem escutar antes os que ali já estavam com ele nas primeiras viagens da jardineira que rodava em terra batida. Cada pessoa que veio morar na estrada entre Alta e Souza tinha idéias e costumes diferentes, um acordava mais tarde, outro trabalhava a noite, outro tinha mais posses e queria mais conforto. Era pensamento dele que estes poderiam ajudar no progresso da associação como seus costumes e idéias novas. Os mais antigos por sua vez não queriam mudanças bruscas feitas no calor da empolgação. Revoltados com aquela situação começaram a deixar a associação. Aos poucos também foram deixando de usar o ônibus como condução. Quando as primeiras chuvas começaram a cair, os primeiros buracos apareceram na estrada, os pneus começaram a furar, o motor deu sua primeira pane. Onde estavam as novas idéias. As idéias novas com carro antigo não funcionaram. Só a boa vontade sem o conhecimento da mecânica para consertar o carro também não funcionou. Bastou um inverno para que todos aqueles que estavam a gritar dentro do ônibus ficassem calados.
          A boa vontade muito útil quando vem recheada de bom senso. As chuvas naquele ano foram torrenciais. Muitos dos que tinham se mudado para aquela região, diante de tantas dificuldades mandadas do céu, que pareciam mais uma provação para aquelas pessoas, logo voltaram para os lugares de onde vieram. O ônibus que um dia representou o progresso agora rodava lento, com um ou outro passageiro que desde o tempo da jardineira morava na região entre Alta e Souza, porque ali estava sua terra, sua casa, seu lar.