quinta-feira, 7 de abril de 2011

Aflições, Pena ou Salvação?


     Um homem vivia numa região muito seca, plantava e quase não conseguia colher nada. Era um homem descrente, não acreditava em Deus. Falava que se Deus existisse e fosse tão bom, como falavam, não deixaria as pessoas sofrerem tanto sem motivo algum. Os anos passavam e sempre a mesma situação, plantava e não colhia. A seca castigava, o homem reclamava.  Mas de tanto ouvir pessoas que falavam de Deus, e de tanto sofrer. Resolve ceder e se tornar um seguidor de Deus. Andava neste lugar um homem que fazia profecias. Uma das suas previsões falava sobre um tempo de muita chuva, que esta chuva seria tanta que mataria todas as pessoas, em outras palavras, o fim do mundo. Ao ver do profeta, entre outros motivos que justificavam o fim do mundo estava à falta de fé nas determinações de Deus. O profeta dizia que todo aquele que não se curvasse a vontade de Deus iria queimar no fogo do Inferno, mas todo aquele que aceitasse de bom grado o que estava por vir, teria como recompensa o paraíso eterno.  Realmente a chuva chega, era muita chuva, como nunca antes chovera naquela região. O homem vê a água subir rapidamente em torno a sua casa. Lembrado das palavras do profeta, se põe de joelhos a rezar. Dizia-se completamente a mercê da vontade de Deus, pois estava cansado de sofrer e queria o paraíso. A água subia muito rápido em volta da casa. O homem é obrigado a subir no telhado. Mesmo assim, a água já estava o alcançando. Vê aquele volume de água, entende que aquela é a vontade de Deus. Neste meio tempo surge um dos seus vizinhos numa canoa improvisada para ajudá-lo. Mas ele não aceita a ajuda. Estava determinado a obedecer à vontade de Deus. A correnteza fica mais forte e leva a canoa embora com o seu passageiro. Para acabar logo com aquela agonia e ser mais fiel na determinação de Deus, jogasse na água. O homem não teve outro fim, se não, morrer afogado.
          Nos seus momentos finais de vida, pensava como poderia ser o paraíso a que ele tinha direito por cumprir fielmente a vontade de Deus. Deveria ser, pensava ele, antes do sono profundo que fora acometido, um lugar muito bonito onde nem faz calor, nem frio. Na deveria ter fome, nem sede. Mas que de repente acorda, e parece que estava dormindo há muito tempo. Olha em sua volta, o que vê não se parece em nada com o paraíso. Era um lugar frio, escuro, tinha fome e sede. Não entendia o que se passava. Onde estava o paraíso tão prometido? Como ele foi parar naquele local? Perguntava. Depois de muito caminhar e não chegar a canto nenhum, de ter muita fome, sede, o medo toma conta dele. Não tinha noção de tempo, de dia ou de noite. O vazio que estava a sua volta, também toma conta dele. Entre lágrimas, grita por muitas vezes por Deus, dizendo-se que tinha sido enganado. Que agora tinha certeza que Deus não existia. Por que se Deus existisse, ele não estaria naquele lugar. Falava que tinha sido fiel a Deus. Que por muitas vezes tinha rezado feito penitência pedindo que Deus mandasse chuva. E quando Deus manda a chuva, foi justamente a sua desgraça. Como ele está agora sendo culpado por isto.  Depois de muito vagar, começa a ver um vulto a distância. Aquela sombra distante parecia ser uma pessoa, mas que ele não conseguia identificar direito. Sempre que gritava colérico, na tentativa desesperada de chamar sua atenção a sombra sumia na distância. Quando estava mais calmo ela tornava a parecer. Com o tempo ele notou que a sombra o seguia para a onde ele fosse. Aquela situação começou a o deixar mais calmo, pois já não estava só. Mas o homem não parava de se perguntar quem ou o que era aquela sombra. Sabia que não era nada ruim, pois pior do que o local que ele já estava não podia. E que aquela sombra mesmo a distância o acalmava. Na presença da sombra, a fome e a cede não era tão terrível. O tempo passava. Quanto mais ele se achava aconchegado pela presença da sombra, mais ela se aproximava dele. Já não pensava em quem era o culpado por aquela situação. Não tinha mais fome e sede, pois a sombra o levava onde tinha água e comida. Mesmo sem saber quem era aquela sombra estava sempre agradecendo pelo pouco que tinha. E de certa forma ela sempre o instigava a prosseguir em frente. Quanto mais o tempo passa, mais a sombra aproximava-se. E em certo momento, sem entender direito o porquê, lembranças da sua revolta contra Deus vem a sua mente. E novamente ele quer revoltar-se, mas observa a sombra que caminhava na sua direção, começar a afastar-se. E aquela situação lhe causa um medo extremo. E o homem pede a Deus que a sombra não o abandone. E seu pedido era sincero, pois não tinha nada de material, nem filhos, nem esposa, nem parentes, nem anjos, nem demônios, nem direito a morte ele possuía. Naquele momento para ele, a sombra era como se fosse Deus, era tudo que ele poderia desejar. Para ele foi como despertar de um sono. O misto de choro e alegria toma conta dele. Nisto, sente que alguém toca o seu ombro. Sente um medo incompreensível de olhar, pois sabia que era aquela sombra que o acompanhara durante tanto tempo. Mas não poderia deixar de olhar. Lentamente ele vai olhando para aquele que até então não passava de uma sombra. O susto que leva ao ver o rosto daquele que era à sombra; faz sua cabeça girar, e seus olhos vão fechando lentamente, como se suas forças fossem sumido. O motivo do susto do homem era que, aquele que era a sombra, parecia ser ele mesmo. Mas tinha uma essência diferente da dele. Aquele que era a sombra toma o homem nos seus braços no momento que ele desfalece, dizendo: “Tu me chamaste, e eu vim”.

Quantas as maneiras temos de saber quem é Deus?
Quantas as maneiras temos de entender o que Deus quer de nós?
Quantas as maneiras temos de entender o porquê estamos aqui?
Quantas as maneiras temos de entender o porquê sofremos?